segunda-feira, 5 de março de 2012

A imigração

Com o fim da escravidão e a concentração de mão de obra nas cidades, o Brasil tinha que importar trabalhadores para cuidar do café. Portanto o país cedera às pressões inglesas e interrompera a corrente migratória africana que abastecera de mão de obra escrava, a escravidão estava com os dias contatos. Para a economia brasileira isso era um desafio. Os grandes proprietários do sudeste do Brasil plantavam café o obtinham muito lucro. Era esse lucro que ajudava a balança comercial a manter-se equilibrada. Assim, era fundamental que a mão de obra escrava fosse substituída com o mínimo de gastos.
Sendo imperativo que os fazendeiros encontrassem uma maneira de manter suas plantações produtivas num sistema que mesclasse a colonização feita pelo estado, sendo que desde a primeira metade do século XIX, o governo vinha dando terras no sul do país para imigrantes, portanto origina daí a grande colonização italiana e, em segundo plano e não menos importante, a alemã para aquela parte do Brasil.
Na prática, o que se começou a fazer foi chamado de “contrato para introdução de imigrantes”, realizado entre o governo e sociedades comerciais particulares.
O governo vendia licenças aos fazendeiros e assim eles tinham autorização para trazer trabalhadores de outros países de navio. O governo insistia que os fazendeiros deveriam deixar claro para seus trabalhadores qual sua obrigação e que o governo brasileiro nada tinha a ver com tal viagem e que, por isso, os imigrantes nada deveriam esperar dos órgãos governamentais.
Posteriormente foram criadas leis aperfeiçoando o sistema. Os imigrantes teriam direito a estadia gratuita de oito dias na “Hospedaria dos Imigrantes” e transporte gratuito em todas as estradas de ferros e navios, até que estivessem definitivamente instalados em seus empregos.
A imigração era um bom negócio para todo mundo, menos para os imigrantes.
O fazendeiro recebia uma mão-de-obra baratíssima, quase sem direitos, sempre a disposição e que, através de cláusulas contratuais ardilosas, ficava ligada à fazenda num regime de semi-escravidão. Sucedia-se que os agentes de imigração na deixavam claro ao recrutar camponeses nos campos italianos, os contratos rezavam que, uma vez em solo brasileiro, e uma vez instalados e trabalhando nas fazendas, os imigrantes deveriam “pagar” ao fazendeiro, por todas as despesas que ele tivera ao trazê-los: passagens, estadia, documentação. Até a comida e, as roupas e os objetos de trabalho dos italianos nas lavouras paulistas, pás, enxadas, peneiras, machados, etc., vinhas das “vendinhas” das próprias fazendas. Ou seja, o trabalhador estava sempre, e cada vez mais endividado, nesse caso devendo exclusivamente para o dono da fazenda.
O estado também ganhava com a imigração. Além do ganho óbvio, ou seja, da manutenção das lavouras, que geravam lucro para o governo através de impostos, ainda havia as licenças e taxas pagas pelos fazendeiros por cada um dos imigrantes.

De acordo com a pesquisadora Valéria Dias, da Agência USP “na cidade de São Paulo, em 1920, existiam 33 etnias de estrangeiros, os espanhóis representavam o terceiro contingente populacional, muito próximo do número de portugueses, que ocupavam o segundo lugar. Os imigrantes italianos ocupavam a primeira colocação”

Nenhum comentário:

Postar um comentário