segunda-feira, 5 de março de 2012

Conclusão

A Saga de Eden começa com a imigração, principalmente, a italiana. O que eles não sabiam é que iam para um país que não tinha mais rei. E nem escravidão. Aliais, muita vezes não sabiam que estavam sendo levados para o Brasil já contratados por um fazendeiro. Mesmo o genitor, normalmente aquele que tratava com o agente da imigração não estava exatamente por dentro da transação.
Segundo Hobbes, o homem em estado natural é anti-social por natureza e só se move por desejo ou por medo, diria aqui também por necessidade extrema, sendo que sua autoconservação, o induz a impor-se sobre os demais.
Todo o homem é opaco aos olhos do seu semelhante – eu na sei o que o outro deseja, e por isso tenho que fazer uma suposição de qual será a sua atitude mais prudente, mais razoável. Como ele também não sabe o que quero. Também é forçado a supor o que farei.
Se os imigrantes tivessem confiado menos, pois não sabiam que estavam indo para substituir a mão de obra escrava, talvez a historia fosse diferente. É por isso que Hobbes, e outros, citam os gregos e romanos quando querem conhecer ou exemplificar algo sobre o homem.
Como o homem é naturalmente?
A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre um homem manifestante mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando considera tudo isso em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um possa com base nela reclamar qualquer benefício a que outro não possa também aspirar, tal como ele. (Hobbes: Medo e a Esperança, p. 55.)
Naquele tempo muitos imigrantes italianos fugiam do sistema imposto pelos fazendeiros, porque como podiam ter trabalhado tanto e, além de não ter direitos, eram explorados ao extremo. Como num estado alucinante John Locke, o individualista liberal, num lapso do futuro profetizou:
[...]
Todas essas premissas, tendo sido, ao que me parece, claramente estabelecidas, é impossível que os atuais governantas sobre a terra obtenham qualquer proveito, ou derivem a menor sombra de autoridade daquilo que é tido como fonte de todo poder, “o domínio privado e a jurisdição paterna de “Adão”...apenas o produto da força e da violência e que os homens somente vivem juntos pela regras dos animais, onde vence o mais forte e, desta forma, lança as bases para a perpétua desordem e discórdia, tumulto, sedição e rebelião...
(John Locke e o Individualista Liberal, p. 90.)
A Saga de Eden, tal qual Fausto de Goethe, conservando as devidas proporções, é uma narrativa de um garoto que ora, está protegido e outra tem que proteger, porém, durante sua trajetória, vai adquirindo experiências antecipadas que o auxiliam nas adversidades que vão aparecendo. É sempre bom citar Locke porque, além de ter sido defensor da liberdade e da tolerância religiosa, foi considerado o fundador do empirismo, doutrina segundo a qual todo o conhecimento deriva da experiência. Como filósofo, Locke é conhecido pela teoria da tábua rasa do conhecimento, desenvolvida no ensaio sobre o entendimento humano, onde afirma:
Suponhamos, pois, que a mente é, como dissemos, um papel branco, desprovida de todos os caracteres, sem quaisquer idéias; como ela será suprida? De onde lhe provém este vasto estoque, que a ativa e que a ilimitada fantasia do homem pintou nela com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A isso respondo, numa palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está nela fundada e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento.
(John Locke e o Individualismo Liberal, p. 83.)

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